domingo, 30 de outubro de 2011

A IGREJA E OS JOVENS



Com apenas 23 anos, o jovem Luís de Gonzaga, filho do marquês de Castiglione, deixou este mundo para tornar-se exemplo de pureza e caridade para toda a juventude cristã. Muito cedo, este grande santo optou pela vida religiosa. Entrando para a Companhia de Jesus, Luís contrariou ao mesmo tempo sua posição social e a vontade de seu pai. Ao tomar ciência da decisão do filho, Ferrante Gonzaga não perdeu tempo em submetê-lo às mais diversas tentações, chegando mesmo a levá-lo a festas mundanas. Quando, no entanto, peguntou a Luís se era firme seu desejo de tornar-se sacerdote, encontrou a perseverante e convicta resposta: "É isto que penso noite e dia".


Como Luís de Gonzaga, inúmeros outros santos consagraram a mocidade a Cristo pela prática da castidade, da obediência e do profundo amor ao próximo. Catarina de Siena, a grande doutora da Igreja, tinha apenas 15 anos quando ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. O príncipe polonês São Casimiro não tinha mais que 26 anos quando faleceu. Menos de quarenta anos depois, foi canonizado pelo papa Leão X e proclamado padroeiro da juventude lituana.

Ricos em juventude; ricos em amor a Cristo. Estes jovens santos descobriram cedo a alegria de viver o evangelho. Não se resignaram face às dificuldades de seu tempo e atenderam prontamente ao chamado da Igreja. Ora, também nós somos, a todo tempo, convidados a professar uma amizade sincera e confiante com Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma relação assim ultrapassa largamente todas as superficialidades e aparências e alcança o mais íntimo de nós, transformando-nos e santificando-nos sem cessar. É preciso coragem, queridos amigos, para apostar tudo em Cristo e oferecer a ele a única riqueza de que dispomos: nossa juventude.

Amar a Cristo é amar a Igreja. É preciso abraçar Cristo por inteiro, isso significa abraçar seu corpo que é a Igreja [1]. Muito frequentemente, mesmo entre grupos que se afirmam católicos, a fé é apresentada como vivência separada da Tradição e do Magistério. Essa rebeldia é inclusive tomada como coragem. "Ora, para isto não é preciso ter coragem - diz o Santo Padre Bento XVI - porque se pode ter sempre a certeza de receber elogios públicos. Pelo contrário, coragem é aderir à fé da Igreja, apesar de ela contrariar os ‘esquemas’ do mundo contemporâneo" [2].

Há algum tempo, temos a impressão de que o debate religioso se tem centrado em questões de importância bastante relativa. As mídias insistem em temas como moral sexual, hierarquia eclesiástica, ordenação de mulheres, aborto; sempre apresentando uma Igreja empoeirada, antiquada e pouco afeita à modernidade. Desse modo, a fé mais parece um conjunto de proibições e empecilhos do que uma abertura amorosa à mensagem de Cristo. Nada há de mais errado. O catolicismo é uma "opção positiva" pelo amor cristão, gratuito e universal. É a firme confiança de que a graça de Deus nos livrará de todo o pecado. Por isso mesmo também não pode ser confundido com a luta política revolucionária, com um ritualismo vazio, tampouco com um sentimentalismo abstrato.

Os jovens sempre foram foco para a Igreja. "Sem seu rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada" [3]. Por isso mesmo ela se dirige a eles como uma mãe afável e bondosa, mostrando-lhes a beleza de Deus e de sua obra, não deixando de repreendê-los em suas faltas. Essa relação próxima com a juventude intensificou-se particularmente no pontificado do Beato Papa João Paulo II, idealizador das Jornadas Mundiais da Juventude, encontro convocado pelo Papa para que os jovens reflitam, junto com ele, sobre temas centrais da nossa fé; na verdade, encontro com Cristo através da Igreja. O evento mostra a confiança que o Beato João Paulo II depositava nos jovens e o cuidado que devotava a eles, o qual se mantém com o Papa Bento XVI.

Na América Latina e no Caribe, a opção preferencial pelos jovens foi reafirmada na Conferência de Puebla, realizada no México em 1979; contudo, tentou-se desviar esse foco apenas para os pobres, em uma verdadeira distorção dos documentos conferenciais, visto que a opção preferencial era pelos pobres e pelos jovens. Trata-se de pensamento ideológico entronizado na Igreja por algumas pessoas, uma minoria barulhenta, que diz ser católica, embora suas atitudes e palavras mostrem o contrário.

Durante a Jornada Mundial da Juventude de Madri, neste ano de 2011, o Papa Bento XVI, na homilia da missa encerramento, convidou toda a juventude ali reunida a cultivar o encontro pessoal com Cristo, nosso grande amigo: “Queridos jovens, Cristo hoje também se dirige a vós com a mesma pergunta que fez aos apóstolos: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Respondei-Lhe com generosidade e coragem, como corresponde a um coração jovem como o vosso. Dizei-Lhe: Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas tuas mãos a minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustente, a alegria que nunca me abandone.”[4]

Portanto, jovens do mundo inteiro, se nos perguntarem se queremos seguir a Cristo e a sua Igreja, não tenhamos medo de dizer, com a graça de Deus: "é nisto que pensamos noite e dia".



Patrick Beserra e Paulo Henrique Sá

[1] (I Cor 12:27, Ef. 1:22, 23);

[2] Homilia de 28 de Junho de 2009;

[3] DISCURSO DO PAPA BENTO XVI NO ENCONTRO COM OS JOVENS - São Paulo - 10 Maio de 2007;

[4] Homilia na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude de Madri – 21 de agosto de 2011.
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