domingo, 30 de outubro de 2011

A IGREJA E OS JOVENS



Com apenas 23 anos, o jovem Luís de Gonzaga, filho do marquês de Castiglione, deixou este mundo para tornar-se exemplo de pureza e caridade para toda a juventude cristã. Muito cedo, este grande santo optou pela vida religiosa. Entrando para a Companhia de Jesus, Luís contrariou ao mesmo tempo sua posição social e a vontade de seu pai. Ao tomar ciência da decisão do filho, Ferrante Gonzaga não perdeu tempo em submetê-lo às mais diversas tentações, chegando mesmo a levá-lo a festas mundanas. Quando, no entanto, peguntou a Luís se era firme seu desejo de tornar-se sacerdote, encontrou a perseverante e convicta resposta: "É isto que penso noite e dia".


Como Luís de Gonzaga, inúmeros outros santos consagraram a mocidade a Cristo pela prática da castidade, da obediência e do profundo amor ao próximo. Catarina de Siena, a grande doutora da Igreja, tinha apenas 15 anos quando ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. O príncipe polonês São Casimiro não tinha mais que 26 anos quando faleceu. Menos de quarenta anos depois, foi canonizado pelo papa Leão X e proclamado padroeiro da juventude lituana.

Ricos em juventude; ricos em amor a Cristo. Estes jovens santos descobriram cedo a alegria de viver o evangelho. Não se resignaram face às dificuldades de seu tempo e atenderam prontamente ao chamado da Igreja. Ora, também nós somos, a todo tempo, convidados a professar uma amizade sincera e confiante com Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma relação assim ultrapassa largamente todas as superficialidades e aparências e alcança o mais íntimo de nós, transformando-nos e santificando-nos sem cessar. É preciso coragem, queridos amigos, para apostar tudo em Cristo e oferecer a ele a única riqueza de que dispomos: nossa juventude.

Amar a Cristo é amar a Igreja. É preciso abraçar Cristo por inteiro, isso significa abraçar seu corpo que é a Igreja [1]. Muito frequentemente, mesmo entre grupos que se afirmam católicos, a fé é apresentada como vivência separada da Tradição e do Magistério. Essa rebeldia é inclusive tomada como coragem. "Ora, para isto não é preciso ter coragem - diz o Santo Padre Bento XVI - porque se pode ter sempre a certeza de receber elogios públicos. Pelo contrário, coragem é aderir à fé da Igreja, apesar de ela contrariar os ‘esquemas’ do mundo contemporâneo" [2].

Há algum tempo, temos a impressão de que o debate religioso se tem centrado em questões de importância bastante relativa. As mídias insistem em temas como moral sexual, hierarquia eclesiástica, ordenação de mulheres, aborto; sempre apresentando uma Igreja empoeirada, antiquada e pouco afeita à modernidade. Desse modo, a fé mais parece um conjunto de proibições e empecilhos do que uma abertura amorosa à mensagem de Cristo. Nada há de mais errado. O catolicismo é uma "opção positiva" pelo amor cristão, gratuito e universal. É a firme confiança de que a graça de Deus nos livrará de todo o pecado. Por isso mesmo também não pode ser confundido com a luta política revolucionária, com um ritualismo vazio, tampouco com um sentimentalismo abstrato.

Os jovens sempre foram foco para a Igreja. "Sem seu rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada" [3]. Por isso mesmo ela se dirige a eles como uma mãe afável e bondosa, mostrando-lhes a beleza de Deus e de sua obra, não deixando de repreendê-los em suas faltas. Essa relação próxima com a juventude intensificou-se particularmente no pontificado do Beato Papa João Paulo II, idealizador das Jornadas Mundiais da Juventude, encontro convocado pelo Papa para que os jovens reflitam, junto com ele, sobre temas centrais da nossa fé; na verdade, encontro com Cristo através da Igreja. O evento mostra a confiança que o Beato João Paulo II depositava nos jovens e o cuidado que devotava a eles, o qual se mantém com o Papa Bento XVI.

Na América Latina e no Caribe, a opção preferencial pelos jovens foi reafirmada na Conferência de Puebla, realizada no México em 1979; contudo, tentou-se desviar esse foco apenas para os pobres, em uma verdadeira distorção dos documentos conferenciais, visto que a opção preferencial era pelos pobres e pelos jovens. Trata-se de pensamento ideológico entronizado na Igreja por algumas pessoas, uma minoria barulhenta, que diz ser católica, embora suas atitudes e palavras mostrem o contrário.

Durante a Jornada Mundial da Juventude de Madri, neste ano de 2011, o Papa Bento XVI, na homilia da missa encerramento, convidou toda a juventude ali reunida a cultivar o encontro pessoal com Cristo, nosso grande amigo: “Queridos jovens, Cristo hoje também se dirige a vós com a mesma pergunta que fez aos apóstolos: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Respondei-Lhe com generosidade e coragem, como corresponde a um coração jovem como o vosso. Dizei-Lhe: Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas tuas mãos a minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustente, a alegria que nunca me abandone.”[4]

Portanto, jovens do mundo inteiro, se nos perguntarem se queremos seguir a Cristo e a sua Igreja, não tenhamos medo de dizer, com a graça de Deus: "é nisto que pensamos noite e dia".



Patrick Beserra e Paulo Henrique Sá

[1] (I Cor 12:27, Ef. 1:22, 23);

[2] Homilia de 28 de Junho de 2009;

[3] DISCURSO DO PAPA BENTO XVI NO ENCONTRO COM OS JOVENS - São Paulo - 10 Maio de 2007;

[4] Homilia na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude de Madri – 21 de agosto de 2011.
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sábado, 22 de outubro de 2011

CARITAS CHRISTI URGET NOS



“O amor de Cristo nos impele”. Querendo escrever sobre o Beato João Paulo II, não encontrei frase melhor do que essa, retirada da segunda carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 5, 14), para falar sobre a vida desse homem excepcional. Serão palavras breves, sem pretensão de profundidade, apenas de gratidão.


Em sua vida, conheceu de perto os horrores da 2ª Guerra Mundial, especialmente os praticados pelo regime Nazista, viu a miséria da humanidade e o que a ausência de Deus faz a ela. Após, viu-se cerceado pela falsa liberdade oferecida pelo regime Comunista da então União Soviética. Contudo, nunca perdeu a esperança cristã, pois sabia que quem não espera acaba desesperando, como muitos fizeram, tomando assim caminhos errados e ineficazes na resistência aos regimes totalitários (leia-se Nazismo e Comunismo), responsáveis pela morte de dezenas de milhões de pessoas.


Ao contrário de muitos, sua “arma” era uma só, a mais poderosa de todas, contra a qual não há defesas, o amor de Cristo, que o impeliu a entregar sua vida à humanidade. Tornando-se sacerdote da Santa Igreja Católica, ofereceu-se como caminho a ser pisado pelos homens para que se aproximassem e conhecessem o amor de Deus, afinal, o padre é um homem para os outros homens.

Mostrou a todos, sem distinção de religião ou crença, a força do Amor, com “a” maiúsculo, viveu aquilo sobre o que Santa Teresinha do Menino Jesus nos falava: “que tudo vençamos pelo amor”, e venceu, quebrou barreiras, atingiu até aqueles ferrenhos críticos da Igreja Católica, levou ao mundo o Cristo vivo e ressuscitado.

Deixou uma grande obra filosófica e teológica, através da qual defendeu a dignidade de cada ser humano, pois imagem e semelhança de Deus; como exemplo, basta conhecer as catequeses sobre a Teologia do Corpo, convidando-nos a um novo olhar sobre a sexualidade humana, apresentada como possibilidade de ser reflexo do amor de Deus, integrada ao ser por completo. Presenteou-nos ainda com muitas outras catequeses, entre as quais destaco as que tratam sobre Nossa Senhora e sobre a Igreja.

Encerro esse curto texto com as palavras do Papa Bento XVI, durante a homilia proferida na missa de beatificação de João Paulo II:  “enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: "Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!". Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e econômicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade. Sintetizando ainda mais: deu-nos novamente a força de crer em Cristo, porque Cristo é o Redentor do homem.”

Obrigado, Beato João Paulo II. Pedimos a tua intercessão, para que aprendamos a, também nós, tudo vencermos pelo amor.

domingo, 16 de outubro de 2011

SOBRE MITOS LITÚRGICOS


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
- Para sempre seja louvado.

Essa semana, resolvi colocar fragmentos de um texto sobre mitos litúrgicos, ou seja, sobre algumas ideias erradas que costumamos ter como verdadeiras. Conhecer nossa rica liturgia é viver melhor o mistério dos sacramentos, em especial da Sagrada Eucaristia. Cito aqui apenas alguns mitos; para mais informações, veja-se a fonte. Deus vos abençoe e Maria Santíssima vos proteja.


“Procurar obedecer a leis é farisaísmo”


Não é, se essas leis forem leis instituídas por Deus ou por quem Deus delega tal poder.
O que Nosso Senhor censurou nos fariseus NÃO foi a preocupação em obedecer em santas leis de Deus. O próprio Senhor disse: “Se guardardes os Meus Mandamentos, sereis constantes no Meu Amor, como também Eu guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto no Seu Amor.” (Jo 15, 10-11) E ainda: “Não julgueis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdades vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aqueles que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus.” (Mt 5, 17-19)
A lei divina precisa ser obedecida. Os erros que Nosso Senhor condenou nos fariseus foram dois: o fato de eles ensinarem uma coisa e viverem outra (“Este povo somente Me honra com os lábios; mas seu coração está longe de Mim” – Mc 7,6); e o fato de eles interpretarem a lei de forma errada em algumas ocasiões (“Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens” – Mc 7,8), como no caso da proibição deles em relação às curas realizadas em dia de Sábado.
Não existe distinção entre obedecer diretamente a Deus e obedecer a lei da Santa Igreja. Nosso Senhor confiou a São Pedro, o primeiro Papa (Mateus 16,18-19), o poder de ligar e desligar. O Catecismo da Igreja Católica explica que “o poder de ligar e desligar” significa a autoridade de absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja.” (n. 553) Por isso, recusa de sujeição à lei da Santa Igreja é pecado contra o 1º mandamento (Cat., n. 2088-2089)
Obedecer à lei da Santa Igreja é obedecer à Deus; obedecer à Deus é obedecer também a lei da Santa Igreja.

“A noção da Missa como Sacrifício é ultrapassada”



Não é.
O Sagrado Magistério da Igreja, por graça do Espírito Santo, é infalível em matéria de fé e moral (Cat., n.2035). Por isso, a fé católica não muda.
A Santa Missa é a Renovação do Único e Eterno Sacrifício de Nosso Senhor, oferecido pelas mãos do sacerdote. Diz o Catecismo da Igreja Católica (n. 1367): “O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício.”
O Catecismo anterior, publicado pelo Papa São Pio X em 1905, afirma (n. 652-654): “A santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do sacrifício da Cruz. (…) O Sacrifício da Missa é substancialmente o mesmo que o da Cruz, porque o mesmo Jesus Cristo, que se ofereceu sobre a Cruz, é que se oferece pelas mãos dos sacerdotes seus ministros, sobre os nossos altares, mas quanto ao modo por que é oferecido, o sacrifício da Missa difere do sacrifício da Cruz, conservando todavia a relação mais íntima e essencial com ele. (…) Que diferença, pois, e que relação há entre o Sacrifício da Missa e o da Cruz? Entre o Sacrifício da Missa e o sacrifício da Cruz há esta diferença e esta relação: que Jesus Cristo sobre a cruz se ofereceu derramando o seu sangue e merecendo para nós; ao passo que sobre os altares Ele se sacrifica sem derramamento de sangue, e nos aplica os frutos da sua Paixão e Morte.”
Curiosidade: o Papa Bento XVI afirmou, no dia 09 de Outubro de 2006, que o homem contemporâneo “perdeu o sentido do pecado”. Ora, se não há pecado, qual a necessidade de um Sacrifício Propiciatório? Creio que isso explica muitas coisas…

“A Missa é para os fiéis”


A Santa Missa, essencialmente, é para Deus e não para os fiéis, pois ela é a Renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor, oferecido a Deus Pai pelas mãos do sacerdote.
Por isso, o saudoso Papa João Paulo II lamenta na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia (n. 10): “As vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesma. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que se fundamenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio. (…) Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto? A Eucaristia é um Dom demasiadamente grande para suportar ambigüidades e reduções.”
Embora, como foi dito, os fiéis que participam da Santa Missa se beneficiam. Pois na Missa, Nosso Senhor “se sacrifica sem derramamento de sangue, e nos aplica os frutos da sua Paixão e Morte.” (Catecismo de São Pio X, n. 254)

“Qualquer pessoa pode comungar”


Não pode.
Escreve São Paulo: “Todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, cada um examine a si mesmo antes de comer desse Pão ou beber desse Cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação.” (ICor 11,27-29)
O Código de Direito Canônico diz que pode comungar “qualquer batizado, não proibido pelo direito” (cânon 912) A preparação primeira necessária para receber o Corpo de Nosso Senhor é a preparação interior, ou seja: estar em estado de graça, que significa estar em ausência de pecados mortais (Cat. 1385). Tal estado nos é dado quando recebemos o Sacramento do Batismo, e, após a queda em pecado mortal, através de uma Confissão bem feita (Cat. 1264; 1468-1470). A Santa Igreja também instituiu o chamado “jejum eucarístico” (isto é, estar a uma hora antes de comungar sem ingerir alimentos, a não ser água e medicamentos necessários, como especifica o Cânon 919).
É preocupante vermos filas para a Sagrada Comunhão tão longas, e filas para o confessionário tão pequenas…
Pior ainda quando não há sacerdotes disponíveis para os confessionários!

“Os fiéis podem rezar juntos a doxologia e a oração da paz”


Não podem.
Diz o Código de Direito Canônico (Cânon 907) que “Na celebração Eucarística, não é lícito aos diáconos e leigos proferir as orações, especialmente a oração eucarística, ou executar as ações próprios do sacerdote celebrante.”
Também a Instrução Inaestimabile Donum (n.4) afirma: “Está reservado ao sacerdote, em virtude de sua ordenação, proclamar a Oração Eucarística, a qual por sua própria natureza é o ponto alto de toda a celebração. É portanto um abuso que algumas partes da Oração Eucarística sejam ditas pelo diácono, por um ministro subordinado ou pelos fiéis. Por outro lado isso não significa que a assembléia permanece passiva e inerte. Ela se une ao sacerdote através do silêncio e demonstra a sua participação nos vários momentos de intervenção providenciados para o curso da Oração Eucarística: as respostas no diálogo Prefácio, o Sanctus, a aclamação depois da Consagração, e o Amén final depois do Per Ipsum. O Per Ipsum ( por Cristo, com Cristo, em Cristo) por si mesmo é reservado somente ao sacerdote. Este Amén final deveria ser enfatizado sendo feito cantado, sendo que ele é o mais importante de toda a Missa.”
Tais orações são orações do sacerdote. De forma especial, a doxologia (“Por Cristo, com Cristo e em Cristo…”), que é momento onde o sacerdote oferece à Deus Pai o Santo Sacrifício de Nosso Senhor.

“Para participar bem da Missa é preciso entender a língua que o padre celebra”


Não é.
Embora possa ser útil compreender a língua que o padre celebra (e por isso são amplamente divulgados os missais com tradução em latim / português, nos meios em que a Santa Missa é celebrada em latim), o principal é contemplar o Mistério do Santo Sacrifício que se renova no altar, e para isso não é necessário compreender todas as palavras.
Missa não é jogral.
O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, afirma (“O sal da terra”): “A Liturgia é algo diferente da manipulação de textos e ritos, porque vive, precisamente, do que não é manipulável. A juventude sente isso intensamente. Os centros onde a Liturgia é celebrada sem fantasias e com reverência atraem, mesmo que não se compreendam todas as palavras.”

“Cada comunidade deve ter a Missa do seu jeito”


Não deve e não pode ter a Missa do seu jeito, e sim do jeito católico.
O Concílio Vaticano II já dizia (Sacrossanctum Concilium, 22): “Ninguém mais, absolutamente, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica.”
Escreveu o saudoso Papa João Paulo II : (Ecclesia de Eucharistia, n. 52) “Atualmente também deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada celebração da Eucaristia. O sacerdote, que celebra fielmente a Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade, que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso mas expressivo o seu amor à Igreja. (…) A ninguém é permitido aviltar este mistério que está confiado às nossas mãos: é demasiado grande para que alguém possa permitir-se de tratá-lo a seu livre arbítrio, não respeitando o seu caráter sagrado nem a sua dimensão universal.”
Também a Instrução Inaestimabile Donum, de 1980, afirma: “Aquele que oferece culto a Deus em nome da Igreja, de um modo contrário ao qual foi estabelecido pela própria Igreja com a autoridade dada por Deus e o qual é também a tradição da Igreja, é culpado de falsificação.”
O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, afirmou: “É preciso que volte a ser claro que a ciência da liturgia não existe para produzir constantemente novos modelos, como é próprio da indústria automobilística. (…) A Liturgia é algo diferente da invenção de textos e ritos, porque vive, precisamente, do que não é manipulável.” (“O Sal da Terra”)



domingo, 9 de outubro de 2011

TOMÉ



Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

- Para sempre seja louvado.

Para falarmos especificamente sobre Tomé, é necessário termos uma visão geral de quem são os apóstolos e da pedagogia de Jesus para com eles. Inicialmente, é importante dizer que a vocação apostólica é fruto da relação, do diálogo de Jesus, face a face, com o Pai, é um acontecimento de oração. Vejamos o que nos diz o evangelista São Lucas: “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos” (Lc 6, 12-13). Assim, vemos que é Deus mesmo quem escolhe os trabalhadores da messe, quem nos elege para o anúncio do evangelho.

A palavra “apóstolo” vem do grego e significa “enviado”. Jesus, dentre todos os seus seguidores (discípulos), escolheu 12 homens para acompanhá-Lo dia a dia, de forma que pudesse ensiná-los e prepará-los para a missão, para o envio, constituindo assim, por vontade própria, o clero, os primeiros bispos da Santa Igreja Católica, dos quais os atuais são sucessores. “Neles, (Cristo) continua sua própria missão: ‘Como o Pai me enviou, eu também vos envio’ (Jo 20,21)” (C.I.C, 858).

Tomé foi um desses apóstolos escolhidos por Jesus. A Bíblia não nos fala com profundidade sobre ele; contudo, há três cenas a serem abordadas, todas do evangelho de São João, das quais tiraremos algumas lições.

A primeira delas está em João 11,16: “A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele”. Lázaro havia falecido e Jesus quis ir ao encontro desse seu grande amigo, a quem ressuscitaria, em Betânia, a apenas 3 km de Jerusalém, cidade onde estavam os seus opositores e perseguidores e que, portanto, oferecia perigo. Diante disso, Tomé, mostrando toda sua disponibilidade para o seguimento de Cristo, conclama os outros apóstolos a irem também com o seu Senhor, ter o mesmo destino Dele, mesmo que fosse a doação da própria vida. Tomé ensina-nos que o seguidor de Jesus deve acompanhá-Lo onde quer que Ele esteja, mesmo que seja difícil ou doloroso. Eis um desafio para todos os cristãos.

A segunda cena é a conhecida pergunta de Tomé a Jesus: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14, 5). O questionamento nos mostra um pouco da ingenuidade do apóstolo, que imaginava o caminho sobre o qual Jesus falava como um espaço físico, um percurso no plano material, quando, na verdade, Cristo estava falando de Si mesmo como “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Tomé, desse modo, dá também a nós o direito de perguntarmos ao Senhor sobre o que não compreendermos, o que nos parecer obscuro. A verdadeira oração deve partir do coração e ser franca, precisamos ser sinceros, reconhecer nossa pequenez, a limitação de nossas compreensões e então perguntarmos também: Senhor, não te entendo, podes me explicar?

 Por fim, aparece o conhecido episódio da incredulidade de Tomé, ele não acredita na aparição de Jesus aos outros discípulos, enquanto esteve ausente: “Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!” (Jo 20, 25). O apóstolo tem razão ao nos ensinar que a fé também nasce das nossas experiências concretas; entretanto, ela não pode estar baseada somente em tais experiências, “a altivez de querer transformar Deus num objeto ou de querer submetê-Lo às nossas condições laboratoriais não pode encontrar Deus. Isso pressupõe que negamos Deus enquanto Deus, na medida em que nos colocamos acima d’Ele. Porque nos despojamos de toda a dimensão do amor, do escutar interior e apenas reconhecemos como real o que é experimentável e disponível à nossa mão.” (Bento XVI. Jesus de Nazaré, 1ª parte). Somos convidados a uma fé madura, viva e operante através do amor, um dom, presente de Deus pelo qual devemos suplicar.

 Oito dias depois, Jesus aparece mais uma vez aos discípulos, chamando atenção do apóstolo como chama a de cada um de nós hoje, homens de pouca fé: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé” (Jo 20, 27). Diante da aparição do Cristo ressuscitado, Tomé pode tocar as chagas e assim crer no que havia ocorrido, Cristo vencera a morte, Ele vive e essa certeza é a nossa força para os dias de hoje. A aparição é ainda grande demonstração do amor misericordioso de Cristo por Tomé e por toda a humanidade, amor que se compadece e compreende as limitações; assim, Tomé nos conforta em nossa falta de fé.  

“Felizes aqueles que crêem sem ter visto!” (Jo 20, 29), é a bem-aventurança prometida por Jesus e que precisamos buscar especialmente através da oração, do diálogo confiante com o Senhor. Surge então uma simples e bela profissão de fé por parte do apóstolo, expressão de arrependimento e gratidão ao mesmo tempo: “Meu Senhor e meu Deus”, também demonstração de louvor, que devemos repetir a cada dia, reconhecimento de que Deus é e basta.


São Tomé, intercede por nós, para que sejamos cristãos dispostos, sinceros e confiantes.

domingo, 2 de outubro de 2011

SOMOS A GERAÇÃO BENTO XVI






Quinta-feira, 18 de agosto de 2011, Jornada Mundial da Juventude, Praça de Cibeles, Madri, Espanha, numa Europa cada vez mais secularizada, vivendo uma profunda crise de fé. Aproximadamente dois milhões de jovens de 170 países, sob um sol escaldante, esperam ansiosamente a chegada de um sábio senhor de 84 anos. Aparentemente, não é lógico que tantas pessoas enfrentem a sede, a falta de espaço e o calor apenas para ouvir um simples homem falar; contudo, trata-se de uma multidão de jovens católicos em busca da Verdade, que dê sentido genuíno a sua existência, decididos a mostrar seu amor ao sucessor de Pedro e a dizer ao mundo que os católicos, em sua maioria, são fiéis ao Papa e veem nele um verdadeiro sacramento, sinal visível de uma realidade invisível.

Ao ser eleito, em abril de 2005, foram estas suas primeiras palavras: “Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes...”. Sabe-se que foi graça de Deus sua eleição, afinal trata-se do homem certo para o difícil momento por que passa a Igreja Católica, Santa, mas repleta de filhos pecadores. Em verdade, consola a todos os católicos apaixonados por sua Igreja saber que o sucessor de Pedro é um homem comprometido com uma tradição de dois mil anos, obediente aos eternos mandamentos de Cristo e preocupado com a dignidade de cada ser humano, não abrindo mão daquilo que é essencial para a preservação dessa dignidade, apesar dos clamores de muitos tolos seres humanos.

Embora a grande mídia espalhe aos quatro ventos que Bento XVI não agrada à maioria dos católicos, em especial aos jovens (há quem acredite nisso), quando da sua chegada em Colônia, na Alemanha, para a Jornada Mundial da Juventude de 2005, mais de um milhão de pessoas o saudavam às margens do rio Reno. Já em Madri, enquanto esperavam sua chegada, as centenas de milhares de jovens gritavam: “Esta es la juventud del Papa, Esta es la juventud del Papa” ou ainda “Be-ne-dic-to, Be-ne-dic-to”. Infelizmente, essas imagens pouco foram mostradas ao resto do mundo, já que há um verdadeiro boicote à Igreja Católica, por ser a única instituição corajosa o suficiente para mostrar os erros do pensamento moderno, cada vez mais afastado da moral cristã, pregando o prazer desenfreado e o individualismo, vendendo a mentira de satanás. E o pior, muitos a compram. Há também o boicote direto ao Papa Bento XVI, já que, para os que querem acabar com a Igreja (impossível!), ele é o primeiro alvo, está na linha de frente, sob ataque, e não foge disso; pelo contrário, configura-se a Cristo, toma a sua cruz e segue-O.

Interessante notar o modo como ele saudava os jovens, a cada discurso, durante a JMJ: “Queridos amigos”. É assim mesmo que nos sentimos diante dele, pessoas queridas, um círculo de amigos ao redor do seu mestre amoroso, ciente da responsabilidade de confirmar na fé da Igreja cada uma daquelas almas e de convidar os fiéis à intimidade com o seu Senhor: “A todos saúdo com grande amizade e convido a subir até à fonte eterna da vossa juventude e conhecer o protagonista absoluto desta Jornada Mundial e – espero – da vossa vida: Cristo Senhor.” Mesmo com as limitações de um homem de 84 anos, foi perseverante, dando o exemplo para todos aqueles jovens que estavam na vigília, em Madri; durante o temporal, foi-lhe perguntado duas vezes se achava que deveria retirar-se, mas ele disse: 'não, eu fico aqui, nós ficamos'.

“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Obrigado, ou melhor, ‘gracias’, Santo Padre, por atender a esse chamado de Deus, pelo imenso amor, por mostrar a face do Jesus amigo, sempre próximo e cheio de misericórdia. Obrigado, Santo Padre, pela firmeza na condução da Igreja fundada por Cristo, que não pode se submeter aos critérios dos homens, pois estes não são os de Deus. Obrigado, Santo Padre, pelo caminho de conversão pelo qual conduz suas ovelhas, sempre buscando a imutável Verdade. “Pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé. A Igreja precisa de vós, e vós precisais da Igreja”. Como tens razão, amado Papa Bento!

Tem-se então que concordar com as palavras do Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio Maria Rouco Varela, “Recebamos o Papa Bento XVI com o mesmo amor que recebemos João Paulo II. Vocês pertencem à geração do Papa Bento XVI”. Querido amigo Bento XVI, sucessor do apóstolo Pedro, somos fiéis a ti, somos a tua juventude, pois conduze-nos a Cristo, somos a tua geração!

Rezemos por ele, para que continue cumprindo sua difícil missão, entregando-o à intercessão e aos cuidados da Mãe da Igreja, Maria Santíssima.