Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
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Para sempre seja louvado.
Para
falarmos especificamente sobre Tomé, é necessário termos uma visão geral de
quem são os apóstolos e da pedagogia de Jesus para com eles. Inicialmente, é
importante dizer que a vocação apostólica é fruto da relação, do diálogo de
Jesus, face a face, com o Pai, é um acontecimento de oração. Vejamos o que nos
diz o evangelista São Lucas: “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para
rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer,
chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos”
(Lc 6, 12-13). Assim, vemos que é Deus mesmo quem escolhe os trabalhadores da
messe, quem nos elege para o anúncio do evangelho.
A
palavra “apóstolo” vem do grego e significa “enviado”. Jesus, dentre todos os
seus seguidores (discípulos), escolheu 12 homens para acompanhá-Lo dia a dia,
de forma que pudesse ensiná-los e prepará-los para a missão, para o envio,
constituindo assim, por vontade própria, o clero, os primeiros bispos da Santa
Igreja Católica, dos quais os atuais são sucessores. “Neles, (Cristo) continua
sua própria missão: ‘Como o Pai me enviou, eu também vos envio’ (Jo 20,21)”
(C.I.C, 858).
Tomé
foi um desses apóstolos escolhidos por Jesus. A Bíblia não nos fala com
profundidade sobre ele; contudo, há três cenas a serem abordadas, todas do
evangelho de São João, das quais tiraremos algumas lições.
A
primeira delas está em João 11,16: “A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus
condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele”. Lázaro havia falecido
e Jesus quis ir ao encontro desse seu grande amigo, a quem ressuscitaria, em
Betânia, a apenas 3 km de Jerusalém, cidade onde estavam os seus opositores e
perseguidores e que, portanto, oferecia perigo. Diante disso, Tomé, mostrando
toda sua disponibilidade para o seguimento de Cristo, conclama os outros
apóstolos a irem também com o seu Senhor, ter o mesmo destino Dele, mesmo que
fosse a doação da própria vida. Tomé ensina-nos que o seguidor de Jesus deve acompanhá-Lo
onde quer que Ele esteja, mesmo que seja difícil ou doloroso. Eis um desafio
para todos os cristãos.
A segunda cena é a conhecida
pergunta de Tomé a Jesus: “Senhor, não sabemos para
onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14, 5). O questionamento nos
mostra um pouco da ingenuidade do apóstolo, que imaginava o caminho sobre o
qual Jesus falava como um espaço físico, um percurso no plano material, quando,
na verdade, Cristo estava falando de Si mesmo como “o Caminho, a Verdade e a
Vida”. Tomé, desse modo, dá também a nós o direito de perguntarmos ao Senhor
sobre o que não compreendermos, o que nos parecer obscuro. A verdadeira oração
deve partir do coração e ser franca, precisamos ser sinceros, reconhecer nossa
pequenez, a limitação de nossas compreensões e então perguntarmos também:
Senhor, não te entendo, podes me explicar?
Por fim, aparece o conhecido episódio da
incredulidade de Tomé, ele não acredita na aparição de Jesus aos outros discípulos,
enquanto esteve ausente: “Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não
puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado,
não acreditarei!” (Jo 20, 25). O apóstolo tem razão ao nos ensinar que a fé
também nasce das nossas experiências concretas; entretanto, ela não pode estar baseada
somente em tais experiências, “a altivez de querer transformar Deus num objeto
ou de querer submetê-Lo às nossas condições laboratoriais não pode encontrar
Deus. Isso pressupõe que negamos Deus enquanto Deus, na medida em que nos
colocamos acima d’Ele. Porque nos despojamos de toda a dimensão do amor, do escutar
interior e apenas reconhecemos como real o que é experimentável e disponível à
nossa mão.” (Bento XVI. Jesus de Nazaré, 1ª parte). Somos convidados a uma fé
madura, viva e operante através do amor, um dom, presente de Deus pelo qual
devemos suplicar.
Oito dias depois, Jesus aparece mais uma vez aos
discípulos, chamando atenção do apóstolo como chama a de cada um de nós hoje, homens
de pouca fé: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no
meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé” (Jo 20, 27). Diante da aparição
do Cristo ressuscitado, Tomé pode tocar as chagas e assim crer no que havia
ocorrido, Cristo vencera a morte, Ele vive e essa certeza é a nossa força para
os dias de hoje. A aparição é ainda grande demonstração do amor misericordioso
de Cristo por Tomé e por toda a humanidade, amor que se compadece e compreende
as limitações; assim, Tomé nos conforta em nossa falta de fé.
“Felizes
aqueles que crêem sem ter visto!” (Jo 20, 29), é a bem-aventurança prometida
por Jesus e que precisamos buscar especialmente através da oração, do diálogo
confiante com o Senhor. Surge então uma simples e bela
profissão de fé por parte do apóstolo, expressão de arrependimento e gratidão
ao mesmo tempo: “Meu Senhor e meu Deus”, também demonstração de louvor, que
devemos repetir a cada dia, reconhecimento de que Deus é e basta.
São Tomé, intercede por nós, para que sejamos cristãos
dispostos, sinceros e confiantes.
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