domingo, 6 de novembro de 2011

Amar a Igreja é amar a Cristo




Nos dias atuais, falar mal da Igreja virou motivo de aplausos e elogios, aqueles que o fazem são considerados esclarecidos, sábios e portadores da verdade libertadora. Ao contrário, falar bem da Igreja, do Santo Padre e defender abertamente a sua doutrina são motivos para sermos chamados de alienados, antiquados, medievais, entre outros adjetivos similares.

Nem sempre foi assim, trata-se de uma campanha de aproximadamente 200 anos, liderada especialmente pelo movimento iluminista e aprofundada pelo marxismo. Sim, o mesmo movimento louvado pelos nossos professores marxista nos colégios, de homens sábios, portadores da verdade e libertadores das amarras que supostamente limitavam nosso intelecto. Para estes homens, aquilo que veio antes deles era Treva, daí o termo Idade das Trevas para a Idade Média, e eles seriam os homens portadores da luz, os “iluminados”, salvadores da razão humana, que foram escolhidos para acabar com a escuridão. Pois bem, esse movimento de “iluminados” matou cruelmente milhares de padres e religiosos durante a Revolução Francesa, demonstrando sua dose de irracionalidade e o seu ódio aos cristãos.

Para resumir os fatos posteriores, basta dizer que se disseminou um ódio aberto contra a Igreja Católica, propagado através de livros, revistas, discursos e outros modos possíveis. Contudo, nos últimos 50 anos, historiadores e acadêmicos sérios e comprometidos com a verdade vêm desmistificando tal imagem, demonstrando a importância da Igreja para toda a humanidade, suas contribuições para a ciência, para a ética, para a moral, entre outras áreas, sem deixar de levar em conta os erros cometidos pelos seus filhos, os quais a Igreja não esconde.

Algumas perguntas: O que é a Igreja Católica? Uma sociedade de pessoas, como um clube de futebol? Por que sou católico? É como torcer por um time, que quando está mal eu “pulo do barco” ou finjo que não é comigo? Os fiéis católicos sabem que não é desse modo, sabem que a Igreja é humana e divina, muito mais invisível do que visível, é um mistério, como dizia o Beato João Paulo II.

Prefigurada no antigo testamento. “Escolheu Israel para seu povo, estabeleceu com ele uma aliança, e o foi instruindo gradualmente, manifestando, na própria história do povo, a si mesmo e os desígnios de sua vontade e santificando-o para si. Tudo isso aconteceu como preparação e figura daquela aliança nova e perfeita, que haveria de ser selada em Cristo.” [1] Em seu infinito amor, Deus escolheu um povo para ser sinal da salvação de todos os homens dispersos pelo pecado. Vemos na Bíblia que esse povo escolhido nem sempre se manteve fiel aos desígnios de seu Criador, quebrando por vezes a aliança com Ele. Assim, Deus preparou a nova e eterna aliança em Cristo para a reconciliação definitiva da humanidade, enviando seu Filho bem amado para expiar os pecados dos homens em todos os tempos.

Fundada por Cristo. Jesus veio ao mundo consciente da sua missão de ensinar, dar exemplo, santificar e se entregar por todos nós, é um só com a vontade do Pai. Dentre os discípulos, escolheu 12 para estar mais próximo, ensinar e conferir poderes para que pudessem continuar Sua missão quando Ele voltasse para o seu Pai. “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” [2] Cristo construiu a Igreja sobre o fundamento dos apóstolos, dos quais os bispos são sucessores, afinal a missão cristã de anunciar o evangelho não se restringe às pessoas daquela época, mas a todos os homens até o fim dos tempos. O evento de Pentecostes marca a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e o envio da Igreja missionária, como “universal sacramento da salvação” [3], sacramento porque torna visível uma realidade invisível, Cristo Jesus e o seu plano amoroso de salvação.

Fundamento em Pedro. “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” [4] Nesse em outros trechos bíblicos (vide também Jo 21, 15-17) vemos o primado de Pedro sobre os outros apóstolos, sua função de guiar o rebanho de Cristo e confirmar os irmãos na fé. “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” [5] Satanás pediu para provar todos os discípulos, aqui significando a Igreja inteira, mas Jesus rezou por Pedro, para que, firme na fé, pudesse também guiar os irmãos no caminho da Verdade. Bento XVI é o sucessor de Pedro, em uma linha ininterrupta de 266 Papas, a ele devemos toda nossa obediência, amor e orações por sua árdua missão.

A Esposa e o Corpo de Cristo. Trata-se de uma imagem a nós muito cara, o matrimônio, em que “o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne.” [5] Cristo deixou a casa de seu Pai e a de sua mãe, Maria Santíssima, para unir-se a Igreja, por ela se entregar com a doação da própria vida e com ela ser um só. Dizemos então que a Igreja é o Corpo de Cristo sobre a terra, já que o Espírito Santo nos faz um só Corpo e um só Espírito, principalmente pela comunhão eucarística e pelo batismo, através do qual somos configurados a Cristo e incorporados ao seu corpo, a Igreja. Jesus é a cabeça desse Corpo, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés e o constituiu acima de tudo, como cabeça da Igreja, que é o seu corpo” [6]. “Congratulemo-nos, pois, e demos graças pelo fato de nos termos tornado não apenas cristãos, mas o próprio Cristo. Estais a compreender, irmãos, a graça que Deus nos fez, dando-nos Cristo por Cabeça? Admirai e alegrai-vos: nós tornamo-nos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça e nós os membros, o homem completo é Ele e nós [...]. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. Que quer dizer: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja” [7].

Somos chamados a amar a Igreja e dela dar testemunho, pois amá-la é amar o próprio Cristo!

[1] Constituição Dogmática Lumen Gentium, 9;
[2] Mt 28, 19-20;
[3] Constituição Dogmática Lumen Gentium, 48;
[4] Mt 16, 18-19;
[5] Lc 22, 31-32
[6] Gn 2, 24;
[7] Ef 1, 22-23;
                   [8] Santo Agostinho – Catecismo da Igreja Católica, 795.