Nos dias atuais, falar mal da Igreja virou
motivo de aplausos e elogios, aqueles que o fazem são considerados esclarecidos,
sábios e portadores da verdade libertadora. Ao contrário, falar bem da Igreja,
do Santo Padre e defender abertamente a sua doutrina são motivos para sermos
chamados de alienados, antiquados, medievais, entre outros adjetivos similares.
Nem sempre foi assim, trata-se de uma
campanha de aproximadamente 200 anos, liderada especialmente pelo movimento
iluminista e aprofundada pelo marxismo. Sim, o mesmo movimento louvado pelos
nossos professores marxista nos colégios, de homens sábios, portadores da
verdade e libertadores das amarras que supostamente limitavam nosso intelecto.
Para estes homens, aquilo que veio antes deles era Treva, daí o termo Idade das
Trevas para a Idade Média, e eles seriam os homens portadores da luz, os
“iluminados”, salvadores da razão humana, que foram escolhidos para acabar com
a escuridão. Pois bem, esse movimento de “iluminados” matou cruelmente milhares
de padres e religiosos durante a Revolução Francesa, demonstrando sua dose de
irracionalidade e o seu ódio aos cristãos.
Para resumir os fatos posteriores, basta
dizer que se disseminou um ódio aberto contra a Igreja Católica, propagado
através de livros, revistas, discursos e outros modos possíveis. Contudo, nos
últimos 50 anos, historiadores e acadêmicos sérios e comprometidos com a
verdade vêm desmistificando tal imagem, demonstrando a importância da Igreja
para toda a humanidade, suas contribuições para a ciência, para a ética, para a
moral, entre outras áreas, sem deixar de levar em conta os erros cometidos
pelos seus filhos, os quais a Igreja não esconde.
Algumas perguntas: O que é a Igreja Católica?
Uma sociedade de pessoas, como um clube de futebol? Por que sou católico? É
como torcer por um time, que quando está mal eu “pulo do barco” ou finjo que
não é comigo? Os fiéis católicos sabem que não é desse modo, sabem que a Igreja
é humana e divina, muito mais invisível do que visível, é um mistério, como dizia o
Beato João Paulo II.
Prefigurada
no antigo testamento. “Escolheu
Israel para seu povo, estabeleceu com ele uma aliança, e o foi instruindo
gradualmente, manifestando, na própria história do povo, a si mesmo e os
desígnios de sua vontade e santificando-o para si. Tudo isso aconteceu como
preparação e figura daquela aliança nova e perfeita, que haveria de ser selada
em Cristo.” [1] Em seu infinito amor, Deus escolheu um povo para ser sinal da
salvação de todos os homens dispersos pelo pecado. Vemos na Bíblia que esse
povo escolhido nem sempre se manteve fiel aos desígnios de seu Criador,
quebrando por vezes a aliança com Ele. Assim, Deus preparou a nova e eterna
aliança em Cristo para a reconciliação definitiva da humanidade, enviando seu
Filho bem amado para expiar os pecados dos homens em todos os tempos.
Fundada
por Cristo. Jesus veio
ao mundo consciente da sua missão de ensinar, dar exemplo, santificar e se
entregar por todos nós, é um só com a vontade do Pai. Dentre os discípulos,
escolheu 12 para estar mais próximo, ensinar e conferir poderes para que
pudessem continuar Sua missão quando Ele voltasse para o seu Pai. “Ide, pois, e
ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco
todos os dias, até o fim do mundo.” [2] Cristo construiu a Igreja sobre o
fundamento dos apóstolos, dos quais os bispos são sucessores, afinal a missão
cristã de anunciar o evangelho não se restringe às pessoas daquela época, mas a
todos os homens até o fim dos tempos. O evento de Pentecostes marca a descida
do Espírito Santo sobre os apóstolos e o envio da Igreja missionária, como
“universal sacramento da salvação” [3], sacramento porque torna visível uma
realidade invisível, Cristo Jesus e o seu plano amoroso de salvação.
Fundamento
em Pedro. “E eu te declaro: tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que
ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus.” [4] Nesse em outros trechos bíblicos (vide também Jo 21,
15-17) vemos o primado de Pedro sobre os outros apóstolos, sua função de guiar
o rebanho de Cristo e confirmar os irmãos na fé. “Simão, Simão, eis que Satanás
vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a
tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” [5]
Satanás pediu para provar todos os discípulos, aqui significando a Igreja
inteira, mas Jesus rezou por Pedro, para que, firme na fé, pudesse também guiar
os irmãos no caminho da Verdade. Bento XVI é o sucessor de Pedro, em uma linha
ininterrupta de 266 Papas, a ele devemos toda nossa obediência, amor e orações
por sua árdua missão.
A
Esposa e o Corpo de Cristo. Trata-se de uma imagem a nós muito cara, o matrimônio, em que “o homem
deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma
só carne.” [5] Cristo deixou a casa de seu Pai e a de sua mãe, Maria
Santíssima, para unir-se a Igreja, por ela se entregar com a doação da própria
vida e com ela ser um só. Dizemos então que a Igreja é o Corpo de Cristo sobre
a terra, já que o Espírito Santo nos faz um só Corpo e um só Espírito,
principalmente pela comunhão eucarística e pelo batismo, através do qual somos
configurados a Cristo e incorporados ao seu corpo, a Igreja. Jesus é a cabeça
desse Corpo, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés e o constituiu acima de tudo,
como cabeça da Igreja, que é o seu corpo” [6]. “Congratulemo-nos, pois, e demos
graças pelo fato de nos termos tornado não apenas cristãos, mas o próprio
Cristo. Estais a compreender, irmãos, a graça que Deus nos fez, dando-nos
Cristo por Cabeça? Admirai e alegrai-vos: nós tornamo-nos Cristo. Com efeito,
uma vez que Ele é a Cabeça e nós os membros, o homem completo é Ele e nós
[...]. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. Que quer
dizer: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja” [7].
Somos chamados a amar a Igreja e dela dar testemunho, pois amá-la é
amar o próprio Cristo!
[1] Constituição Dogmática Lumen Gentium, 9;
[2] Mt 28, 19-20;
[3] Constituição Dogmática Lumen Gentium, 48;
[4] Mt 16, 18-19;
[5] Lc 22, 31-32
[6] Gn 2, 24;
[7] Ef 1, 22-23;
[8] Santo Agostinho –
Catecismo da Igreja Católica, 795.
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