domingo, 25 de dezembro de 2011

O Verbo Divino se fez carne




“Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam Deus a ponto de fazê-lo descer até nossa natureza humana para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?” [1]

O homem moderno, em profunda crise de fé, coloca sobre si mesmo um fardo pesadíssimo, um peso insuportável para ser carregado sozinho, vive no escuro, tateando para encontrar um caminho, um sentido. Para o cristão consciente, o caminho e o sentido já lhe foram dados e o fardo insuportável lhe foi tirado das costas, isso porque o Verbo Divino se fez carne, abaixou-se livremente até a nossa condição e veio nos redimir. Em latim, Et Verbum caro factum est; no grego, o “Verbum” torna-se o “Logos”, literalmente traduzido por sentido: O sentido se fez carne e habitou entre nós. Alegrem-se todos os cristãos, Cristo é o nosso sentido! “Já antes de fazermos sentido da nossa parte, existe sentido. Ele nos abraça. Nós nos apoiamos nele. O sentido não é uma função da nossa ação, mas a condição que a torna possível.” [2]

É belíssimo pensar em tão admirável intercâmbio entre nós e Deus, este vem assumir nossa humanidade e nos transmitir a sua divindade. Cada um de nós tem vocação divina, não para ser ídolo e se colocar no lugar de Deus, mas para juntar-se a Ele na glória do céu, esse é o Seu desejo, ao qual precisamos corresponder na humildade e abertura de coração.

Originalmente, a manjedoura é o lugar em que se coloca o alimento dos animais no estábulo. Nosso Salvador dignou-se nascer em uma manjedoura, prefigurando já sua Páscoa, sua entrega por cada um de nós no sacrifício da cruz, que é um só com o sacrifício eucarístico. É Jesus quem está diante de nossos olhos a cada Santa Missa, devemos suplicar incessantemente: “Senhor, eu creio em ti, mas aumentai a minha fé”, para aí podermos dizer, de todo coração, diante de Jesus Eucarístico: “Eu creio que tu estás substancialmente presente em corpo, sangue, alma e divindade sob o véu do pão e do vinho”. Assim poderemos viver e compreender a encarnação, o natal de nosso Senhor Jesus Cristo.

Nesse natal, com Santo Agostinho, digamos verdadeiramente: “Ó meu Deus, tu te dás e te entregas a mim. Eu te amo. E, se ainda é pouco, faze que eu te ame ainda mais. Não posso medir para saber quanto me falta de amor, que seja suficiente para que a minha vida corra para os teus braços e daí não se afaste (...).” [3] Não nos deixemos ofuscar por tantas luzes exteriores, mas voltemo-nos para Aquele que é a verdadeira luz e quer ser levado por cada um de nós para iluminar o mundo.

“Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência divina.” [4]

Peçamos a intercessão de Maria, que gerou o menino Jesus em seu ventre, para que ela possa gerá-Lo também em nossos corações.

Nesse último texto do ano, quero agradecer a todos que leram e compartilharam o blog Amor e Missão, o qual tem o único objetivo de levar a luz de Cristo ao mundo e assim realizar o natal em quantos corações for possível, para a maior glória de Deus. Feliz Natal a todos!

 [1] São Gregório de Nissa. Catecismo da Igreja Católica, 457.
[2] Bento XVI. Dogma e Anúncio. Editora Loyola.
[3] Santo Agostinho. Confissões. Editora Paulus.
[4] Lc 2, 14.

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